Questão: 103592 - Português em Geral - Banca: - Prova: - Data: 01/01/2023

Casa fria, de apartamento. Paredes muito brancas, de uma aspereza em que não dá gosto passar a mão. Aí moram quatro pessoas, com a criada, sendo que uma das pessoas passa o dia fora, é menina de colégio.
Plantas, só as que podem caber num interior tão longe da terra (estamos em um décimo andar), e apenas corrigem a aridez das janelas. Lá embaixo, a fita interminável de asfalto, onde deslizam automóveis e bicicletas. E ao longo da fita, uma coisa enorme e estranha, a que se convencionou dar o apelido de mar, naturalmente à falta de expressão sintética para tudo o que há nele de salgado, de revoltoso, de boi triste, de cadáveres, de reflexos e de palpitação submarina.
Do décimo andar à rua, seria a vertigem, se chegássemos muito à janela, se nos debruçássemos. Mas adquire-se o costume de olhar só para a frente ou mais para cima ainda. Então aparecem montanhas, uma estátua de pedra que é às vezes cortada pelo nevoeiro, casas absurdas dançando - ou imóveis, após a dança - sobre precipícios. Há também um coqueiro irreal, sem nenhum coco, despojado e batido de vento (que se diria um vento bêbedo), no alto do morro, quase ao nível da casa.

(ANDRADE, C. Drummond de. Confissôes de Minas. In Poesia e Prosa. 5 ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p. 959.)

Ao referir-se às plantas, dizendo “plantas, só as que podem caber num interior tão longe da terra (estamos em um décimo andar), e apenas corrigem a aridez das janelas”, o enunciador do texto:

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