Um dos fenômenos mais inquietantes da história do espírito humano é o esquivar-se do concreto. Possuímos uma acentuada tendência a nos lançar sempre ao longínquo, indo constantemente de encontro a tudo aquilo que, estando imediatamente à nossa frente, deixamos de ver. O entusiasmo dos gestos, o aventuroso e ousado das expediçôes a lugares distantes, é ilusório quanto a seus verdadeiros motivos: não raro se trata simplesmente de evitar aquilo que está mais próximo, porque não nos sentimos à altura dele. Pressentimos sua periculosidade e preferimos outros perigos, de consistência desconhecida. Mesmo quando deparamos com estes − e estão sempre presentes −, eles têm a seu favor o brilho do repentino e único. Seria necessária muita limitação intelectual para condenar esse espírito aventureiro, ainda que muitas vezes nasça de manifesta fraqueza. Ele nos leva a uma ampliação de nosso horizonte, da qual nos orgulhamos.

Sobre o fragmento, é correto afirmar:

a

possuindo preponderantemente formas verbais no presente, exemplifica o emprego desse tempo para dar vivacidade a fatos que se desenvolveram ao longo da história.

b

em estrutura dissertativa, apresenta a ideia a ser defendida, seguida de argumentos para convalidá-la.

c

preponderantemente descritivo, busca delinear, passo a passo, uma faceta da alma humana, sua manifesta fraqueza.

d

mesclando o discurso dissertativo ao narrativo, constrói uma compreensão da trajetória do espírito humano por distintos tempos.

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