Questão: 88432 - Português em Geral - Banca: - Prova: - Data: 01/01/2023

O Ballet da Ortografia

Às vezes quero dizer que saí e mandam botar acento no “i”, porque se tirar o acento, quem sai não sou eu, é o outro – e é aí que está a diferença. Falam-me de ditongos, em hiatos, em dissílabos e proparoxítonas – palavras que me trazem amargas recordaçôes de uma infância cheia de zeros. Quando vou a uma festa, nunca sei se devo dançar com “ç” ou com “s”. Só depois dos primeiros passos é que percebo que quem dansa com “s” não sabe dançar. E quem sabe dançar fica cansado, com “s”, pois só analfabeto se cança com “ç”. Buzina é com “z”, mas quem pode me garantir que se eu businar com “s” ninguém vai ouvir? Caçar é com “ç”, mas também tem cassar com “ss” – mas isso se explica: caça-se um bicho e cassa-se um documento. Só não se pode cassar o documento de um sujeito que esteja caçando sem documento. Que a língua portuguesa tem seus truques, lá isso tem: o próprio truque, com “que” é uma adaptação do “truc” francês, provando que o truque brasileiro tem um certo “q”. Mas isso não impede que o balé brasileiro seja dançado em francês, pois a palavra “ballet” impressionava mais, tanto que a usei no título. Mas vamos deixar isso pra lá que é falando que a gente se entende e não escrevendo.

O texto deixa implícito (a)

  • a
    uma apologia à riqueza gramatical da língua portuguesa, exaltando o léxico.
  • b
    um demérito à língua francesa que invadiu o léxico português por empréstimo.
  • c
    um repúdio aos galicismos que invadiram a Língua Portuguesa.
  • d
    uma crítica às diferenças gráficas e fonéticas da língua portuguesa.
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