Há pelo menos duas razôes urgentes para conhecer a obra do Padre Antônio Vieira e, em particular, seus sermôes, que são a melhor parte dela.
A primeira é seu domínio extraordinário da língua portuguesa. Fernando Pessoa o celebrava como um “gênio de perfeição linguística”. [...]
A segunda razão de interesse pela obra do jesuíta é o repertório dos temas históricos e políticos. Vieira é dos que não acham modo de falar de Deus sem provar um bocado do mundo, tão estragado pelos pecados da ocasião quanto sacramentado pela graça divina.
Todo texto de Vieira é político, como bem exige a concepção jesuítica de caridade cristã. Eis aí: não são só “temas”. Quando Vieira prega, quer agir.
(Alcir Pécora, “A fala sinfônica”.)

Todo texto de Vieira é político, como bem exige a concepção jesuítica de caridade cristã. Eis aí: não são só “temas”. Quando Vieira prega, quer agir.

No fragmento acima:

a

está implícita a ideia de que é possível uma fissura entre discurso e práxis.

b

as aspas do trecho exercem a mesma função que as empregadas na expressão grifada no texto.

c

o adjetivo cristã dá vigor ao que está sendo expresso, mas não seria necessário à frase, pois em caridade já está subentendida aquela ideia.

d

se a locução de Vieira fosse substituída pelo adjetivo correspondente, a norma culta exigiria que fosse grafado em maiúscula (assim: “Todo texto Vieirino”).

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